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22 Janeiro 2010

A cada dia que passa estou mais contente com o Sporting. Esta semana, por exemplo, tivemos uma jornada em cheio. Primeiro, passámos à eliminatória seguinte da Taça de Portugal. Depois, não o fizemos sem o susto de que sempre precisamos para nos lembramos das fraquezas em que ainda precisamos de trabalhar Finalmente, livrámo-nos de Sá Pinto, cuja contratação fora apenas o maior dos muitos erros absurdos que marcaram os primeiros seis meses da gestão de José Eduardo Bettencourt.

Uma vergonha, o que se passou anteontem em Alvalade, entre o banco de suplentes, o balneário e a própria sala de conferências de imprensa? Sim. Por outro lado, estamos há muito tempo a passar vergonhas e podíamos muito bem passar mais esta, sobretudo se em favor da solução de um dos maiores problemas que ainda nos assolavam. De resto, o plantel já tem experiência para estar mais do que blindado a estas pequenas comoções. E, se a instabilidade se prolongar até ao jogo deste fim-de-semana, pois paciência: nós queremos que o Sporting ganhe sempre, mas sofrer uma derrota ou ceder um empate que dificulte a caminhada do Benfica em direcção à conquista do título é, bem vistas as coisas, um mal menor.
No essencial, está dado mais um importante passo na preparação de 2010-2011, aquele a que eu gosto de chamar (e passe a frase feita) o primeiro ano do resto das nossas vidas. De Sá Pinto, já disse quase tudo o que pensava, mas não me importo de repetir: foi um jogador razoável que apenas a Juve Leo transformou em mito – e qualquer projecto para atribuir-lhe responsabilidade seria sempre, na prática, uma contradição de termos. Para além de tudo, se as coisas efectivamente correram como foram relatadas pelos jornais, então correram bem. Liedson, há cinco anos o melhor jogador do plantel, disse: “Ou ele ou eu.” Pois deu “eu”. Deu Liedson. Excelente sinal.
Aliás, Liedson, uma personalidade indecifrável e tantas vezes acusada de individualismo no balneário, terá começado ele próprio a briga, contestando a crucificação sumária de Rui Patrício pelo director de futebol, na sequência do erro cometido pelo guarda-redes no segundo golo do Mafra. Duas coisas. Primeira: Patrício tornou-se titular cedo de mais – e talvez ainda nem sequer seja guarda-redes para o Sporting. Segunda: o relvado de Alvalade é uma vergonha – e tem de ser considerado naquela fífia. Terceira (afinal eram três): Liedson ouviu uma crítica injusta a um companheiro – e, como fazem os homenzinhos, ergueu-se em defesa dele.
Sabem o que eu penso verdadeiramente? Que devia ser Liedson o capitão desta equipa. Afinal, as coisas resolveram-se exactamente como Sá Pinto queria: ao sopapo – e, ainda por cima, ele perdeu. Entretanto, onde é que estava João Moutinho no meio de tudo isto? Estava a ensaiar a leitura da cartinha deixada por Sá Pinto aos jogadores do plantel. Mas será só a mim que isto parece uma récita do ciclo preparatório?

CRÓNICA DE FUTEBOL ("Futebol: Mesmo"). Jornal de Notícias, 22 de Janeiro de 2010

publicado por JN às 22:04

Grande Liedson, força estamos contigo.
Tadeu a 27 de Janeiro de 2010 às 23:15

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joel neto

Joel Neto nasceu em Angra do Heroísmo, em 1974. Publicou “O Terceiro Servo” (romance, 2000), “O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (contos, 2002), “Al-Jazeera, Meu Amor” (crónicas, 2003), “José Mourinho, O Vencedor” (biografia, 2004), "Todos Nascemos Benfiquistas – Mas Depois Alguns Crescem" (crónicas, 2007) e "Crónica de Ouro do Futebol Português" (obra colectiva, 2008). Está traduzido em Inglaterra e na Polónia, editado no Brasil e representado em antologias em Espanha, Itália e Brasil, para além de Portugal. Jornalista, tem trabalhado na imprensa escrita, na televisão e na rádio, como repórter, cronista, comentador, apresentador e autor de conteúdos. (saber mais)
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