Roberto, no Benfica, já não dará nunca guarda-redes a sério. Veio sujeito a demasiadas expectativas, fracassou de imediato e jamais conseguirá dar a volta à situação, neste ano ou em próximos. Não me surpreende que o Benfica, embora negando-o, o tenha colocado no mercado. Mas não me importava nada de trocar já Rui Patrício por ele, assim estivesse Luís Filipe Vieira disposto a incluir Saviola e Cardozo no pacote.
Agora, não deixo de achar a sua dispensa, mesmo que apenas do papel de titular, especialmente perigosa. E agora, quem culpará o Benfica pela sua falta de eficácia, pela sua instabilidade na defesa, pela sua insegurança no meio campo, pelo seu desnorte no ataque? Culpará a sorte, claro – e já aí estamos nós a ouvir que, “se aquela bola do Gaitán tivesse entrado”, outro galo cantaria. E culpará, inevitavelmente, os árbitros também – e já por aí anda que, com o árbitro do Sporting-Marítimo, o Benfica nunca teria perdido em casa com a Académica.
Isto vai ser um ano muito longo mesmo. Tenhamos paciência.
2. Escrevo crónicas sobre futebol há vinte anos e, para além do Benfica (que nunca perco a oportunidade de alfinetar, no que será a melhor homenagem que posso prestar-lhe), apenas granjeei dois inimigos: o Olhanense, depois de, um tanto irreflectidamente, ter chamado ao seu campo de jogos “um galinheiro”; e o Sp. Braga, após, de forma assumidamente provocadora, ter dito que não tinha adeptos. Eis-me aqui a dar a mão à palmatória. O Sp. de Braga não só tem adeptos como, esta semana, arranjou mais um: eu próprio, arsenalista, não desde pequenino, mas desde a idade da razão (o que talvez devesse ser o mais importante de tudo). Muitos parabéns – e viva o Braga!
3. Escrevo antes do Brondby-Sporting – e, naturalmente, arrisco-me. Paciência. Se o Sporting tiver passado a eliminatória, ter-me-ei rendido em definitivo a Paulo Sérgio. Se tiver falhado, então não terá feito nem mais, nem menos do que aquilo que se esperava – e, em todo o caso, eu continuarei a apoiar este treinador. Cometeu vários erros, Paulo Sérgio, nos dois primeiros jogos oficiais. Mas em ambos os casos teve também a sorte contra si. E, para além de tudo, continua a ser um “self-made man”. Enquanto houver “self-made men”, o mundo manter-se-á um lugar possível.
CRÓNICA DE FUTEBOL ("Futebol: Mesmo"). Jornal de Notícias, 27 de Agosto de 2010