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30 Outubro 2009

Aquilo que José Eduardo Bettencourt ainda não percebeu é que é já, por esta altura, o pior presidente da história contemporânea do Sporting. Nunca alguém cometeu tantos erros em tão pouco tempo: nunca alguém foi tão rápido a mergulhar o Sporting no lodo – e tão eficaz, depois, a segurar-lhe a cabeça no fundo, na expectativa de que deixe, enfim, de respirar.

Curiosamente os jogadores assumem que são culpados. Paulo Bento também assume que é culpado, embora peça que “outros” admitam igualmente as suas responsabilidades. O presidente, esse, não tem culpa nenhuma.
E não tem culpa nenhuma, pensa ele, porque não fez nada. Pois está certo nisso: não fez nada. Por outro lado, é precisamente por isso que é o principal culpado: porque não fez nada – e porque continua, todos os dias, a não fazer nada. Repito: o principal culpado – não José Roquette, não Dias da Cunha, não Filipe Soares Franco, mas sim o próprio José Eduardo Bettencourt.
O processo eleitoral foi mal gerido, sim. As eleições caíram em cima da nova época – já não havia tempo para mudar tudo e começar de novo. Escudado nessa ideia, porém, Bettencourt não mudou nada. Tinha uma oportunidade de ouro: podia ter contratado um treinador com um mínimo de condições e anunciado que se iriam viver novos tempos, com nova filosofia (e que, portanto, esta época seria de transição).
Não o fez. Manteve em absoluto a filosofia que já tão maus resultados dera – e, afinal, a época está a ser transição na mesma, mas para fora do lote dos clubes grandes. Isto em cinco meses apenas. Nem Jorge Gonçalves, nem Sousa Cintra (nem sequer, antes deles, João Rocha ou Amado de Freitas): ninguém fora tão longe. Ninguém conseguira antes excluir tão clara e rapidamente o Sporting da disputa com o FC Porto e o Benfica.
Senhor presidente, pede-lho um ignorante (eu, um tipo que até para preencher o IRS precisa de ajuda e que, portanto, não percebe nada de gestão nem de acções nem de valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis): tenha a coragem de dizer aos sócios do Sporting que o verdadeiro lugar deste clube centenário, para si, é entre os candidatos à Liga Europa.
A não ser que o senhor nem sequer o tenha percebido ainda. Não me admira: desde o início que um ignorante como eu, analfabeto em matérias de gestão (mas não em matérias de natureza humana, senhor presidente, não em matérias de natureza humana), vem percebendo muito antes de si o que se vai passar a seguir (basta ir às crónicas que aqui venho publicando desde Maio).
Portanto, diz-lho este ignorante: é esse o caminho em que seguimos. E, entretanto, pede-lhe também: assuma que se enganou neste novo projecto de vida, peça humildemente desculpa e saia de mansinho, que por enquanto ainda o aceitam de volta na banca. E, se não quiser pedir desculpa (que diabo, mesmo que não queira dizer nada), saia na mesma.
Se sair agora, os sportinguistas hão-de esquecer-se de si, mais cedo ou mais tarde. Se não, hão-de recordá-lo como uma espécie de sétima praga do Apocalipse: aquela que finaliza o trabalho – que acaba de vez com o pouco que resta de colheitas e de água, de esperança e de vida. E essa recordação, sim, durará “forever”.

CRÓNICA DE FUTEBOL ("Futebol: Mesmo"). Jornal de Notícias, 30 de Outubro de 2009


23 Outubro 2009

Leio nos jornais que Izmailov está determinado a abdicar (ou deverei dizer “adicar”?) dos ordenados enquanto não estiver refeito da respectiva lesão – e de novo lamento o estado a que estamos a chegar. Uma pessoa saudável que olhe para o Sporting de hoje tem às vezes a impressão de que o clube mergulhou de vez numa espécie de hipnose colectiva: uma folie a plusieurs que ataca dirigentes, treinadores, aparentemente até jogadores – e de certeza absoluta também uma boa parte dos jornalistas que faz o acompanhamento quotidiano da actualidade do clube.

Se Marat Izmailov efectivamente pretende desistir dos ordenados correspondentes ao período de convalescença após a operação ao joelho direito, então não é um bom funcionário devidamente sensibilizado para as dificuldades financeiras do clube: é apenas um tonto que nem sequer percebe que são as companhias de seguros (de resto, já ressarcidas à cabeça) a pagar o ordenado de um jogador lesionado.
E, no entanto, eu sei que ele não é um tonto. Nem ele nem (muito menos) o seu empresário, Paulo Barbosa. Pelo contrário, perceberam ambos que esta era uma boa forma de recolocar o nome Izmailov nas primeiras páginas, gerindo a expectativa em relação ao seu regresso à competição – e que, a meio da semana, convencer os jornalistas a escolherem o tema para manchete era, na verdade, a coisa mais fácil de todas (até porque, no passado, o colombiano Redondo e o italiano Tomassi haviam operado golpes publicitários semelhantes).
Não devemos levar-lhes a mal: é gente completamente estupefacta, ela própria, com o desnorte que se vive por esta altura no Sporting. Fala-se em “Boavistização”, mas a metáfora é má. O cenário é tão distante que não chega a ter cabimento. Não acredito, bem vistas as coisas, que o Sporting acabe como o Boavista. Nem sequer acredito que o Sporting acabe como o Belenenses.
Mas estou em crer que não tarda o Sporting está como o Sporting de Braga, o Vitória de Guimarães, o Marítimo da Madeira. De certa forma, era inevitável que isso acontecesse a um dos chamados clubes grandes. Portugal é demasiado pequeno para uma tricefalia. Terão de ficar apenas dois, de resto alcandorados numa identidade regional (um do Porto e um de Lisboa).
Ora, o Benfica tem mercado – e, quando não o tem, inventa-o. Já o Sporting tem-no menos, como sabemos – e, em vez de inventá-lo, tenta desesperadamente maximizar aquilo que lhe resta. É uma postura voluntariosa, cheia de boa vontade – e, aliás, indubitavelmente séria. Mas é também uma postura comezinha, sem a grandeza necessária ao comboio da frente.
No contexto em que hoje vive, o Sporting simplesmente não pode dar-se ao luxo de deixar divulgar notícias como esta de Izmailov. Se se tratasse ainda de Redondo e do Milan AC, aquilo que um leitor leria era: “Grande homem, este Redondo. E grande clube, este Milan, que inspira os jogadores a gestos de tal natureza.” Tratando-se do Sporting, o que se lê é: “Coitado do rapaz. E ainda por cima aí está o Bettencourt, todo contentinho porque vai poupar mais sessenta mil euritos…”

CRÓNICA DE FUTEBOL ("Futebol: Mesmo"). Jornal de Notícias, 23 de Outubro de 2009


16 Outubro 2009

Isto está tudo trocado. Quem percorre os jornais, as televisões e as rádios, lendo e ouvindo as declarações épicas de José Eduardo Bettencourt e dos seus próximos, fica com a sensação de que o presidente do Sporting conseguiu uma vitória enorme ao fazer aprovar, finalmente, o seu (seu e não só) plano para a reestruturação financeira do clube. Peço desculpa: não foi isso que aconteceu. O que José Eduardo Bettencourt recebeu não foi uma vitória: foi um ultimato – e é tão importante que ele saiba o que recebeu como que os sócios do Sporting saibam a verdadeira natureza daquilo que lhe deram.

O dito plano de reestruturação financeira, já se sabia, era tão importante para os sportinguistas como o novo Tratado Europeu para os irlandeses. Basicamente, ninguém queria saber da coisa concreta – apenas queria usá-la como statement para outra coisa qualquer. Ora, os sócios do Sporting (que, tal como eu, conhecem muito pouco sobre “Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis”) tinham esta ferramenta presente. Enquanto o plano não fosse aprovado, a dinastia que há quinze anos nos dirige não tinha ainda disposto de todos os meios que exigia – e, portanto, não só ainda dispunha ela própria de margem de manobra, como dispunham os sportinguistas de uma escapatória mental para não se sentirem tão mal na sua própria pele.
Naturalmente, a dinastia não resistiu: tal como o Governo irlandês fez com o tratado, decidiu propor o plano tantas vezes quantas os sócios levassem a aprová-lo. A aprovação maciça na assembleia geral de terça-feira (embora não tão maciça como na eleição de Bettencourt, é preciso não esquecer) vem de encontro a essa pretensão. Por outro lado, cria um constrangimento suplementar. “Um” constrangimento, não: “o” constrangimento. “O derradeiro” constrangimento, no fundo. Porque, a partir daqui, Bettencourt simplesmente já não se pode queixar de nada. E, se não conseguir fazer do Sporting campeão com todos os meios que exigia, então não devia sequer ter-se candidatado – muito menos fazer aos consócios as promessas que fez durante a campanha eleitoral.
Pois estão aí os mui desejados 34 milhões de euros de encaixe. Tirando uma eventual passagem do estádio para a SAD (está-se mesmo a ver que será a exigência seguinte, não está?) são provavelmente os últimos 34 milhões que conseguiremos em sede de engenharia financeira. Por isso, quando eu releio aquela declaração do presidente a “O Jogo”, dizendo que, depois disto tudo, apenas será possível aumentar “um cheirinho” o investimento no futebol, desvio os olhos e faço de conta que me distraí com a televisão. Era simpático, ao menos, que houvesse um certo decoro depois deste nosso último gesto de boa vontade.

CRÓNICA DE FUTEBOL ("Futebol: Mesmo"). Jornal de Notícias, 16 de Outubro de 2009


09 Outubro 2009

É curiosa, a forma como as coisas se passam hoje em dia no Sporting. Medíocre na Europa, a equipa de Paulo Bento está quase definitivamente enterrada (à sétima jornada, note-se) em Portugal. Antigamente, naqueles 17 anos de sufoco e tristeza, ainda chegávamos ao Natal. Agora nem isso. E, no entanto, aí anda José Eduardo Bettencourt, pelos jornais fora, dando o rosto ou falando por intermédio de “fontes próximas”: primeiro um momento de contrição (talvez o plantel não seja o ideal, coisa que de facto toda a gente já havia dito em Junho, mas no caso de forma claramente mal-intencionada), depois um momento de determinação (Paulo Bento é o treinador deste presidente, que há-de estar com ele “até ao fim”, apesar de não se sentir refém da palavra “forever”, proferida “em contexto eleitoral”), finalmente um momento de diversão, este em jeito de manobra (já agora, é interessante dar uma olhadela a esse absurdo fundo de investimento em que o Benfica está a basear a sua temporada).

Nada mais do que retórica, no fundo – como se, na verdade, fosse tudo a brincar. E, no entanto, de pouco nos serve desmontar as entrevistas, as conferências de imprensa e os relatos de como as coisas verdadeiramente se discutem nas torres de marfim do Lumiar. No momento em esboçamos fazê-lo, já aí está a segunda parte da sempre brilhante estratégia de comunicação leonina: o recurso ao “jornalismo de investigação”. Segundo a maior parte dos elementos do Conselho Directivo, sabe o nosso jornal, são as lesões e as arbitragens a explicar estas derrotas e estes empates todos. De acordo com o que conseguimos apurar, Paulo Bento continua a gozar de óptimo acolhimento por parte dos jogadores, que o apoiam em massa. Ao que garantem vários elementos do Conselho Leonino inquiridos pelo nosso jornal, o que é preciso é dar tranquilidade à equipa, porque a solução para esta crise está no balneário. E, de novo, fica por explicar o essencial: quantas mais vezes é preciso o Sporting partir a cabeça, as pernas e as costelas até considerarmos que, enfim, ele bateu no fundo?
Pois, mais uma vez, não é preciso explicá-lo. Entretanto, já os mesmos jornais nos puseram a pensar noutra coisa ainda: as estatísticas. Por exemplo: sabiam os sportinguistas que, das onze trocas de treinador operadas a meio da época desde 1989, só uma (Giuseppe Materazzi por Augusto Inácio) resultou de forma ótima? Sabiam os sportinguistas que o projeto da formação leonina já rendeu 62 milhões de euros? E sabiam os sportinguistas que, apesar do afeto de que ainda hoje (já depois da sua morte) goza entre os adeptos leoninos, Bobby Robson começou a época de 1992-1993 com resultados ainda piores do que os de Paulo Bento? Claro: uma pessoa podia passar o dia online, nos sites dos jornais, a responder-lhes à letra. Do tipo: “Por outro lado, o Sporting só ganhou o campeonato duas vezes desde 1989, pelo que 50 por cento das vezes que ganhou foi após trocar de treinador.” Ou: “Certo, certo. Mas quantos desses 62 milhões foram investidos em jogadores? Quantos desses 62 milhões tocaram ao nosso bem comum? Quantos campeonatos ganhámos com base nesses 62 milhões?” Ou ainda: “Tudo bem. E isso é bom, é?”
Não vale a pena. Dali a pouco já estamos todos a discutir outra matéria ainda, agora em forma de notícia: a tremenda disputa entre o Chelsea e o Manchester United pelo passe de Daniel Carriço. Por acaso, não me admira: nós também já vendemos Nani ao Manchester – a partir daí, de facto, tudo é possível. Mas a certeza absoluta com que se fica é que este Sporting se joga cada vez mais nas páginas dos jornais e cada vez menos dentro de campo, no balneário, sequer nos gabinetes de administração. É uma ficção, no fundo. Tornou-se num clube de ficção. E, a certa altura, um homem perde o alento: já só lhe apetece baixar os braços e entrar na novela também.

CRÓNICA DE FUTEBOL ("Futebol: Mesmo"). Jornal de Notícias, 9 de Outubro de 2009


02 Outubro 2009

Perguntassem-mo em 1983 e eu seria claro: “Sim.” Perguntassem-mo em 1987 e eu treparias paredes: “Obviamente!” Perguntassem-mo em 1989 ou em 1994, em 1999 ou em 2005 – e, ainda assim, eu pendurar-me-ia no pescoço do Marquês de Pombal, com um archote aceso numa mão e uma garrafa de gasolina presa entre os dentes, prontinho a imolar-me pelo fogo: “Mas é claro que sim! Todos os dias! Cada vez mais! Uma vergonha! Mas será que ninguém mais vê? Como é que é possível? Estes anos todos… Um escândalo!”

Enfim, perguntasse-mo a mim ou a qualquer outro sportinguista do passado ou do presente, em tempos de triunfo ou de desaire, em referência aos seniores, aos juniores ou (até) à equipa de futsal – e nós diríamos sempre que sim. “O Sporting é prejudicado pela arbitragem?” “Mas é claro que é. Mais do que prejudicado: roubado! Mais do que roubado: escandalosamente roubado!” Penáltis sonegados, foras-de-jogo inventados, jogadores erradamente expulsos, golos mal anulados a nós e golos mal validades ao adversário – houve de tudo (e mais alguma coisa) ao longo destes últimos trinta anos.
Não é preciso dar grandes explicações: o ressentimento, já se sabe, é parte da nossa natureza (e não só da nossa, não só da nossa) – e, logo a seguir ao ressentimento para com o Benfica, vem, inevitavelmente, o ressentimento com o árbitro. Portanto, quando Paulo Bento contesta o trabalho de um árbitro – qualquer árbitro em qualquer jogo que o Sporting dispute – nós somos os primeiros a ouvir as campainhas tocar no fundo da memória. Mas é óbvio que Paulo Bento tem razão. É óbvio que o Sporting tem razão. E, se não tem razão agora, fica pelas outras vezes todas que foi roubado sem reparação.
Agora, esta arbitragem em concreto, por favor, não. Nesta semana em particular, por obséquio, não. Ainda aqui há dias o Sporting conseguiu dar uma volta quase impossível ao jogo com o Olhanense por causa de uma grande penalidade que mais ninguém, para além do árbitro, descortinou. E, por muito má que tenha sido a arbitragem de Duarte Gomes no clássico do Dragão (e, de resto, por muito absurda que tenha sido, porque foi, a sua nomeação para o jogo), nenhum dos seus vários erros, individualmente ou em conjunto, se compara ao que acontecera dias antes em nosso benefício.
A única coisa que posso encontrar por detrás do discurso de Paulo Bento, para além da simples revolta pelo desaire, é o início de uma estratégia para corroer o sistema por dentro até que, enfim, o Sporting possa contar com o mesmo tratamento que os árbitros dispensam aos principais adversários. Foi isso que fizeram Roquette e Dias da Cunha, de resto ambos eventualmente campeões – e talvez insistir na guerra à arbitragem efectivamente volte a pôr em sentido quem se ocupa do apito (e, de resto, dos homens do apito).
Para já, porém, a verdade é esta: ninguém nos respeita. É a melhor prova do quanto nos deixámos fragilizar com este discurso dos pobrezinhos impotentes. E, portanto, aconselha-se contenção: desta vez, e pelo menos no que diz respeito aos 90 minutos do Dragão, Duarte Gomes é inocente de mais para diabolizar com um mínimo de credibilidade.

CRÓNICA DE FUTEBOL ("Futebol: Mesmo"). Jornal de Notícias, 2 de Outubro de 2009


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joel neto

Joel Neto nasceu em Angra do Heroísmo, em 1974. Publicou “O Terceiro Servo” (romance, 2000), “O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (contos, 2002), “Al-Jazeera, Meu Amor” (crónicas, 2003), “José Mourinho, O Vencedor” (biografia, 2004), "Todos Nascemos Benfiquistas – Mas Depois Alguns Crescem" (crónicas, 2007) e "Crónica de Ouro do Futebol Português" (obra colectiva, 2008). Está traduzido em Inglaterra e na Polónia, editado no Brasil e representado em antologias em Espanha, Itália e Brasil, para além de Portugal. Jornalista, tem trabalhado na imprensa escrita, na televisão e na rádio, como repórter, cronista, comentador, apresentador e autor de conteúdos. (saber mais)
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"O Terceiro Servo",
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"Al-Jazeera, Meu Amor",
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"José Mourinho, O Vencedor",
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"Todos Nascemos Benfiquistas
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