O melhor projecto é o de Pedro Souto, que tem a estratégia, os apoios e o know how suficientes para devolver o Sporting à dimensão que ele merece. A melhor imagem é a de Rogério Alves, que tem a notoriedade, o apreço dos media e a experiência pública necessárias à comunicação desse projecto. O melhor discurso é o de Paulo Cristóvão, o único que verdadeiramente se tem preocupado em falar na urgência de reconduzir o clube aos sócios. E a melhor história é a de Abrantes Mendes, que foi, deles todos, o que primeiro olhou para este deplorável marasmo, esticou um dedo e disse: “Basta!”
Por mim, era uma lista só: Rogério Alves na presidência do clube, Pedro Souto na SAD, Paulo Cristóvão na comunicação interna (incluindo núcleos e filiais) e Abrantes Mendes na Assembleia Geral. O Sporting, nem é preciso dizê-lo, precisa de união. Precisa de união e de sinais claros dessa união. E, se este chavão, não chega, cá vai outro: todos seremos poucos. Por alguma razão os chavões existem: são, regra geral, absolutamente verdade – e apenas por excesso de evidência os intelectuais lhes resistem. O Sporting precisa de mudar. De mudar muito. E do outro lado – do lado dos que não querem que mude – há demasiadas forças, demasiados “notáveis”, demasiada tradição.
É uma oportunidade histórica. Imagine-se que, desta vez, até temos eleições. Eleições a sério: não cooptações, não sucessões dinásticas – nem sequer eleições forjadas para validar cooptações e sucessões dinásticas. E temos, aliás, uma massa associativa sedenta de mudança. Os sócios jovens e urbanos, que povoam as empresas e lêem os diários de economia, continuam a falar de dinheiro, de formação, de razoabilidade e novamente de dinheiro. Mas o Sporting, acredite-se ou não, está longe de esgotar-se nessa modesta elite papagueante à qual um golo de Liedson não provoca maior vertigem do que uma oscilação do PSI-20. O Sporting é um clube com implantação popular. Ainda o é, apesar dos esforços desta bafienta corte que o assaltou durante uma série de anos. E o povo quer títulos. Quer sair à rua e celebrar títulos.
Tudo o resto é... Bom, agora que penso nisso, quase tudo o resto é Menezes Rodrigues. E Menezes Rodrigues é curioso: começou como uma figura menor, um pouco à maneira dos velhos directores de departamento, e entretanto ficou tanto tempo que acabou por conseguir comprar para si próprio o estatuto de “notável”. Que não queira uma candidatura de Rogério Alves, é mais do que compreensível: Rogério Alves representa, até certo ponto, o fulgor de juventude de que a velha guarda sempre desdenha. Mas isso é o menos. O que é superlativamente sintomático é que seja precisamente nas mãos dele que a “posição” leonina se tenha colocado. Nas dele ou – imagine-se – nas de Dias Ferreira (e com este “imagine-se” já digo tudo o que me apraz dizer sobre essa hipótese).
CRÓNICA DE FUTEBOL ("Futebol: Mesmo"). Jornal de Notícias, 8 de Maio de 2009